segunda-feira, 1 de junho de 2015

Saiba como fã do One Direction pode arrancar R$ 620 mil dos cofres do São Paulo


Banda One Direction deu R$ 3 milhões de lucro ao São Paulo em 2014
Banda One Direction deu R$ 3 milhões de lucro ao São Paulo em 2014
A boyband britânica One Direction se apresentou no Estádio do Morumbi no ano passado, em shows que registraram públicos somados de mais de 100 mil pessoas e renderam aos cofres do São Paulo cerca de R$ 3 milhões só em aluguel. Mas, um ano depois, o time tricolor pode ter dor de cabeça e até prejuízo de R$ 620 mil por conta dos eventos.
Tudo porque uma fã, chamada Jéssica Silva, ingressou com ação judicial contra o clube por conta de acidente ocorrido semanas antes do show. Ela alega que, enquanto acampava em busca de entradas, foi atingida por uma placa de ferro do portão 18, que a deixou gravemente ferida. Ainda aponta descaso são-paulino na hora de prestar socorro, pede que o São Paulo lhe pague o tratamento médico e exige indenização.
O processo é de setembro do ano passado, mas foi mais recentemente que a Justiça, por pedido do próprio São Paulo, atribuiu um valor à causa: R$ 620 mil, por conta dos pedidos de pensão vitalícia, danos morais e danos materiais, deixando assim expresso o benefício econômico pleiteado pela fã do One Direction na ação, em decisão da juíza de direito Monica Lima Pereira.
DIVULGAÇÃO
Shows levaram mais de 100 mil pessoas ao Morumbi
Shows levaram mais de 100 mil pessoas ao Morumbi
Entenda o caso
De forma bem resumida, o que Jéssica alega ter passado foi o seguinte: a fã, de 20 anos, diz ter comprado ingressos para o show do One Direction no dia 24 de junho de 2013. Mesmo assim, em 16 de março do ano seguinte - quase dois meses antes do evento, que seria nos dias 10 e 11 de maio -, montou acampamento em frente ao Morumbi em busca de entradas para um lugar mais privilegiado no estádio.
Só que uma forte chuva se iniciou, e uma placa afixada no portão 18 caiu atingindo-a na cabeça e abrindo um corte profundo. A partir daí, os seguranças do Morumbi lhe teriam negado qualquer tipo de socorro. Até que um fã chamado Nicholas "começou a gritar, os seguranças viram uma torrente de sangue jorrando da cabeça de Jéssica, e, diante dessa dantesca cena, deixaram ela ingressar e receber atendimento médico emergencial", conforme alegado na ação.
Em seguida, a menina foi encaminhada ao Hospital Campo Limpo, mas se sentiu desamparada, pois afirma que os seguranças do São Paulo a largaram "à própria sorte, não auxiliando em mais nada, fosse auxílio para comunicar parentes, fosse apoio moral ou logístico". Futuramente, no dia 1 de maio, Jéssica diz ter ido ao Morumbi e conversado com um tal de Senhor Gilson, que teria prometido a ela conhecer pessoalmente a banda do One Direction. "Mentira cruel", apontam os advogados da fã.
No dia do show, contudo, Gilson "sumiu", e Jéssica foi atendida por um tal de "Tubarão". Este teria permitido que a autora entrasse antes da abertura dos portões, mesmo com seus ingressos danificados pela chuva. Apesar disso, a moça alega sofrer desde então com fortes dores de cabeça e teme ter um problema mais grave. Curiosamente, o único documento médico que ela mostra no processo é um atestado de apenas dois dias de licença do trabalho por motivo de doença.
A defesa do São Paulo
Em sua defesa, o São Paulo ironiza várias alegações da fã. Diz que Jéssica "estava acampada há muito mais tempo do que os dois meses que antecederam a data do show, confessados em sua inicial, em absoluto ato de irresponsabilidade e sob a conivência dos pais, deixando de lado escola e emprego para morar em uma barraca montada na via pública, exposta a toda sorte e infortúnio, às intempéries, e exposta à violência das noites nas ruas de São Paulo".
Além disso, o departamento jurídico do time tricolor avisa que não foi o organizador do show, cedendo apenas o espaço. E ainda que, no dia 16 de março, caiu uma forte chuva na capital paulista que até tombou uma árvore em frente ao Morumbi e interrompeu o jogo entre São Paulo e Ituano por conta de tempestade de granizo. Dessa forma, a agremiação se defende por não poder se tornar responsável pelas forças da natureza.
"São no mínimo dois meses confessados morando na rua. E tudo isso para que uma adolescente de 20 anos pudesse assistir a um show musical de um ângulo mais favorável, pois os ingressos por ela adquiridos já serviam para acomodar a autora nos melhores locais do estádio. O SPFC lamenta profundamente o ocorrido. Mas não tem responsabilidade alguma sobre fatos ocorridos nas vias públicas próximas ao seu estádio, e muito menos sobre os eventos da natureza", comunica o clube.
"Enquanto a força dos ventos e da chuva provocavam quedas de árvores, destruição, alagamentos e inundações na região próxima ao estádio, a autora da ação permanecia, com a autorização e despreocupação dos pais, em sua barraca, acampada na frente do estádio à espera de um show que ocorreria dali há dois meses", continuam os advogados são-paulinos.
Justiça decidiu valor de R$ 620 mil
Após atribuir o valor de R$ 620 mil à causa, a Justiça solicitou às partes que produzissem provas e se tinham interesse na designação de audiência de conciliação. Jéssica pediu depoimentos de testemunhas, de seu representante legal, um ofício ao Hospital Campo Limpo e também pretende encontrar o tal "Tubarão" para chamá-lo como testemunha.
O São Paulo, por sua vez, "acreditando em sua absoluta ausência de responsabilidade, manifesta seu desinteresse em entabular eventual conciliação", mas se colocou à disposição se o Tribunal assim achar necessário. A Justiça ainda deve marcar um julgamento.

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